Na "Hora do Conto" de hoje, a Margarida Gomes, da Biblioteca Municipal Vicente Campinas, trouxe o livro "A Locomotiva Tchaf", escrito por Carlos Correia e ilustrado por Ana Gini, que relata as aventuras do pequeno Pedro Malaquias à volta da sua grande paixão, os comboios, e do seu grande sonho - ser maquinista de uma locomotiva - aos atentos e divertidos alunos do 3.ºF e 3.ºG.
"Ti João, o fogueiro, cuspiu nas mãos, pegou na pá
e começou a lançar muito carvão na fornalha.
Trraaac-tchi-pum, trraaac-tchi-pum, trraaac-tchi-pum.
As pazadas de carvão entravam na fornalha
a um ritmo certo e ardiam numa explosão breve.
- Já está boa, Ti João. A pressão já atingiu o máximo, exclamou o maquinista.
- Partiiiida!, gritou uma voz lá ao longe,
ao mesmo tempo que se ouvia a corneta do chefe da estação.
- U, U, U, respondeu a máquina ao aviso da corneta.
Tchaf, tchaf, tchaf, tchaf, faz mais fumo,
faz mais fogo, força firme
foge-foge nesta viagem sem fim.
Tchaf, tchaf, tchaf, tchaf, pouca-terra, pouca-terra,
puxa-passa, passa-puxa a potência do vapor para a roda pedaleira.
Tchaf, tchaf, tchaf, tchaf, rilha o ferro, range o rail,
roda a roda reduplica a raiva de mil corcéis
a escoucinhar furiosos as alavancas da máquina.
Tchaf, tchaf, tchaf, tchaf, a caldeira a rebentar já não vive,
sobrevive aos cavalos de vapor
– catrapum e catrapum, catarapum e catrapum
– patadas no corpo-aço das alavancas motrizes
e vai-que-vem e vem-que-vai
são muitas mil toneladas de aço e ferro para arrastar.
Corre, corre comboiozinho, conta-conta a tua história,
canta-canta a melopeia
– tum, tum, tum e tum, tum, tum – toada música-toante,
melodia de viagens cem mil vezes repetidas quase até ao infinito.
O fogueiro afogueado anima a marcha do trem,
canta modinhas bonitas, assobia sonhos-sol
e os seus cavalos brancos crinas soltas,
força livre puxam pela geringonça
- tchaf, tchaf, tchaf, tchaf – respondendo com amor
àquele duende mágico mascarrado com carvão."