BIBLIOTECA DA ESCOLA DE MONTE GORDO

04
Out 16

Com o apoio da Biblioteca Municipal Vicente Campinas, recomeçaram as "Horas do Conto" na nossa Biblioteca, hoje com a bela história d'"O Elefante acorrentado", escrita por Jorge Bucay, ilustrada por Gusti e contada pela Mariana Pinheiro aos atentos e encantados alunos do 1.ºG e H.

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 Quando eu era pequeno, ficava encantado com o mundo mágico do circo. Entusiasmava-me poder ver de perto cada um dos animais que viajavam em caravana de cidade em cidade.

Durante o espectáculo, tudo me parecia maravilhosos e deslumbrante, mas a aparição do elefante era sempre o meu momento preferido. O enorme animal dava mostras de uma destreza, tamanho e força impressionantes. Era evidente que um animal daqueles seria capaz de arrancar uma árvore com um simples puxão.

No entanto… Para minha surpresa, depois de cada actuação, o pessoal do circo prendia o elefante a uma pequena estaca simplesmente cravada no solo. Isto era para mim um grande mistério. Embora a corrente fosse grossa e forte, um animal capaz de deitar abaixo um muro com a sua força poderia facilmente libertar-se da estaca e fugir. O que é que prendia o elefante? Porque não fugia?

Quando eu tinha cinco ou seis anos, ainda acreditava que as pessoas crescidas sabiam tudo. Assim, questionei os professores, o meu tio e a minha mãe sobre o mistério do elefante. Eles explicaram-me que o elefante não fugia porque estava amestrado.

Como é lógico, perguntei-lhes então: — Se está amestrado e por isso não foge, porque é que o acorrentam? Ninguém soube responder-me a essa segunda pergunta.

Muito tempo depois, uma noite, conheci alguém muito sábio, que tinha viajado pela Índia e que me ajudou a encontrar a resposta. O elefante do circo estava acorrentado a uma estaca desde muito, mas muito pequeno. Recordo que fechei os olhos e pensei no pequeno elefante recém-nascido preso à estaca. Imaginei-o empurrando e puxando a estaca, dia após dia, tentando soltar-se… Quase podia vê-lo adormecer todas as noites esgotado pelo esforço, pensando voltar a tentar na manhã seguinte. Tudo era inútil: a estaca era demasiado forte para um animal recém-nascido, mesmo tratando-se de um elefante.

Até que um dia, o mais triste dos dias da sua curta vida, o elefantezinho aceitou que não podia libertar-se e rendeu-se ao seu destino. Compreendi então porque razão o enorme e poderoso elefante que eu via no circo se deixava ficar acorrentado: estava convencido de que nunca conseguiria libertar-se da sua estaca. O pobre animal tinha o fracasso gravado na sua memória de elefante e nunca, nunca mais, tinha voltado a pôr à prova a sua força.

Algumas noites sonho que me aproximo do elefante acorrentado e lhe digo ao ouvido: — Sabes, tu pareces-te comigo. Tu também acreditas que não podes fazer algumas coisas só porque uma vez, há muito tempo, tentaste e não conseguiste. Tens de perceber que o tempo passou e hoje és mais forte do que antes. Se quiseres mesmo libertar-te, tenho a certeza de que poderás fazê-lo. Porque não tentas?

Às vezes, acordo a pensar que um dia o meu elefante finalmente tentou e conseguiu arrancar a estaca… Então, sorrio e imagino que o enorme animal continua a viajar com o circo porque gosta muito de divertir as crianças, embora, obviamente, já não esteja acorrentado.

publicado por bibliocentro às 12:00

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António Aleixo
E vós que do vosso império prometeis um mundo novo calai-vos que pode o povo q`rer um mundo novo a sério.
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